Quem é Marina Lacerda, a brasileira que relatou ter sido abusada por Epstein
04/09/2025
(Foto: Reprodução) A brasileira Marina Lacerda, uma das vítimas de Jeffrey Epstein
REUTERS/Evelyn Hockstein
A brasileira Marina Lacerda revelou nesta quarta-feira (3) ter sido uma das vítimas do empresário Jeffrey Epstein nos Estados Unidos. Segundo ela, os abusos começaram quando tinha apenas 14 anos, em Nova York.
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A brasileira participou de uma coletiva de imprensa junto de outras mulheres e pediu que o Congresso dos EUA aprove uma lei que obrigue a divulgação de todos os documentos da investigação. Segundo Marina, revelar toda a verdade sobre o caso pode ajudar vítimas como ela a se curar.
Na acusação formal contra Epstein de 2019, Marina foi identificada como “Vítima menor 1”. Naquele ano, ela forneceu informações cruciais que levaram o empresário à prisão, segundo a imprensa americana.
Hoje, aos 37 anos, Marina tem uma filha. Ela contou que conheceu Epstein em 2002, quando tinha 14 anos. Na época, dividia um quarto no bairro do Queens, em Nova York, com a mãe e a irmã. As três haviam acabado de se mudar para os EUA.
Marina disse que trabalhava em três empregos para sustentar a família. Foi nesse contexto que surgiu a oportunidade de conhecer Epstein, apresentada como uma proposta de trabalho.
"Uma amiga minha do bairro me disse que eu poderia ganhar US$ 300 para dar uma massagem em um cara mais velho", contou. "Isso passou de um emprego dos sonhos para o pior pesadelo."
A brasileira revelou que acabou abandonando o ensino médio porque precisava estar com frequência na casa de Epstein. Ela contou que, dos 14 aos 17 anos, trabalhou para ele “em vez de receber educação”, na esperança de conseguir um bom emprego.
"Eu pensava que, se eu apenas jogasse o jogo, não seria mais só essa imigrante do Brasil, e teria algo a esperar do futuro", contou.
Segundo Marina, os abusos duraram três anos. Epstein começou a perder interesse na brasileira quando ela tinha entre 16 e 17 anos, alegando que ela estava “velha demais”.
Ela também relatou que foi procurada pelo FBI em 2008, mas não teve seu depoimento ouvido pela Justiça porque Epstein havia assinado um acordo judicial. Só 11 anos depois, com a reabertura da investigação, ela depôs sobre o caso.
“Há partes da minha própria história que não consigo lembrar, por mais que eu tente”, disse Marina. “Há pessoas por aí que sabem mais sobre meu abuso do que eu. O governo tem documentos que poderiam me ajudar a lembrar e a me curar.”
A coletiva de imprensa da qual Marina participou foi organizada pelos deputados Thomas Massie, republicano, e Ro Khanna, democrata. Mesmo sendo de partidos opostos, ambos tentam pautar no Congresso a votação de um projeto sobre arquivos da investigação.
A proposta em questão visa a divulgação de todos os documentos sigilosos, incluindo os que estão sob posse do FBI e dos escritórios de procuradores dos EUA.
Crise no governo Trump
Jeffrey Epstein: quem foi, quais crimes cometeu e qual a associação com Trump
Jeffrey Epstein tinha conexões com milionários, artistas e políticos influentes. Entre 2002 e 2005, ele foi acusado de aliciar dezenas de meninas menores de idade para encontros sexuais em suas mansões.
Em 2008, Epstein chegou a firmar um acordo com a Justiça para se declarar culpado. Em 2019, o caso voltou à tona, quando autoridades federais consideraram o acordo inválido e determinaram a prisão do bilionário por tráfico sexual.
O bilionário morreu na cadeia poucos dias após ser preso. Segundo as autoridades, ele tirou a própria vida.
Durante a campanha eleitoral de 2024, o então candidato Trump prometeu divulgar uma lista com os nomes de pessoas supostamente envolvidas no esquema de exploração sexual liderado por Epstein. Em fevereiro deste ano, alguns documentos chegaram a ser publicados pelo governo.
Em um desses arquivos, o nome de Trump aparece ao lado de outras pessoas em registros de voos ligados ao bilionário. É de conhecimento público que os dois foram próximos nos anos 1990. Trump, no entanto, não é investigado nesse caso.
Ainda em fevereiro, a procuradora-geral Pam Bondi chegou a insinuar que havia uma lista de clientes de Epstein sobre a mesa dela para ser revisada. Esse documento, no entanto, nunca foi divulgado.
Mais recentemente, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que não existe nenhuma lista de clientes nos documentos relacionados à investigação. O próprio presidente Trump passou a afirmar que a tal documento é uma farsa.
A mudança de versão irritou a base de apoiadores do republicano. Muitos desses eleitores compartilham teorias da conspiração sobre o caso Epstein e exigem a divulgação completa das informações sobre a rede de exploração sexual.
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