Erro de cálculo de presidente sul-coreano deverá lhe custar o cargo

  • 04/12/2024
(Foto: Reprodução)
Yoon Suk Yeol tem minoria no Parlamento e enfrenta oposição dentro do próprio partido, agravada por tentativa fracassada de impor lei marcial no país. Manifestantes em frente ao parlamento na Coreia do Sul AP Photo/Ahn Young-joon A desastrada tentativa do presidente Yoon Suk Yeol de impor, pela primeira vez em 44 anos, uma lei marcial aos sul-coreanos pôs seriamente em risco o seu futuro político. A reação furiosa e incisiva da população e da Assembleia Nacional forçou o rápido recuo do presidente, mas o seu erro de cálculo deverá lhe custar o cargo. Seis partidos de oposição apresentaram uma moção de impeachment do presidente, que, se for aceita, será votada em 72 horas e poderá remover o político conservador do comando da Coreia do Sul. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Eleito em 2002 com uma diferença de menos de 1% dos votos, Yoon, de 63 anos, reúne requisitos para ser afastado: é extremamente impopular, com aprovação em torno de 17%, tem minoria no Parlamento sul-coreano e enfrenta oposição dentro de sua própria legenda. O Partido do Poder Popular controla apenas 108 das 300 cadeiras. Para que o impeachment do presidente seja aprovado, é necessário o apoio de dois terços dos deputados. Pelo menos oito votos teriam que vir do PPP, o que não parece ser um desafio. Dos 190 legisladores que conseguiram furar, na terça-feira, o forte bloqueio de militares na Assembleia Nacional para derrubar a lei marcial, 18 pertenciam ao partido do presidente. A curta empreitada de Yoon para impelir a lei marcial reavivou a memória do autoritarismo no país, enterrada em 1987 com o fim do regime militar. O presidente invocou supostas forças aliadas da Coreia do Norte para justificar a lei de emergência, mas seus argumentos soaram como uma manobra desesperada de aferrar-se ao cargo. “Essa tentativa de anular instituições democráticas sugere um exagero desesperado ou impulsos antidemocráticos graves”, analisou a cientista política Darcie Draudt-Véjares, especialista do Programa da Ásia no Carnegie Endowment for International Peace. ‘SENSAÇÃO DE QUE FOI GOLPE DE ESTADO’: a reação dos sul-coreanos à imposição da lei marcial no país CRISE POLÍTICA E GOVERNO IMPOPULAR: o que levou o presidente da Coreia do Sul a decretar lei marcial DO ANÚNCIO-SURPRESA À RETIRADA DA LEI: veja a cronologia do caso POTÊNCIA TECNOLÓGIA E CULTURAL, AINDA EM GUERRA: saiba mais sobre a Coreia do Sul APÓS RETIRADA DA LEI: Ministro da Defesa da Coreia do Sul pede desculpas, assume responsabilidade por lei marcial e entrega cargo Em abril passado, as urnas castigaram duramente a legenda de Yoon, e a Assembleia Nacional passou a ser controlada pelo opositor Partido Democrata. O presidente conseguiu aprovar apenas um terço dos projetos de lei submetidos ao Parlamento e passou a responder com o poder de veto para derrubar leis apresentadas pela oposição. O confronto persistente entre Executivo e Legislativo faz dele um presidente pato-manco. Este é, portanto, o pano de fundo para a manobra política frustrada nesta terça-feira. Presidente da Coreia do Sul decreta lei marcial; entenda o termo Mas há mais: escândalos de corrupção e tráfico de influência abalam a sua reputação e a da família. A primeira-dama Kim Keon Hee foi flagrada, ao receber uma valiosa bolsa Dior de presente de um pastor coreano-americano. Em contraste com o desgastado cenário interno, Yoon desfruta de certo prestígio no exterior. Foi o primeiro presidente sul-coreano a participar de uma reunião da Otan, promoveu a ajuda militar do país à Ucrânia e ampliou os laços de cooperação com os EUA e o Japão. Pode-se dizer que ele arriscou suas credenciais e que o arroubo autoritário causou, no mínimo, o desconforto entre seus aliados.

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2024/12/04/erro-de-calculo-de-presidente-sul-coreano-devera-lhe-custar-o-cargo.ghtml


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