Trump, Venezuela e Oriente Médio: três perspectivas que mobilizam o mundo na chegada de 2025

  • 31/12/2024
(Foto: Reprodução)
Viramos a última página de um ano conturbado, marcado por 73 eleições nacionais e mudanças dramáticas no tabuleiro político de países cruciais. O primeiro mês de 2025 se anuncia quente. O presidente eleito Donald Trump ouve Elon Musk enquanto chega para assistir ao lançamento de teste do mega foguete Starship da SpaceX, a partir da Starbase em Boca Chica, Texas, em 19 de novembro de 2024. Imagem: Brandon Bell/Associated Press Viramos a última página de um ano conturbado, marcado por 73 eleições nacionais e mudanças dramáticas no tabuleiro político de países cruciais. O primeiro mês de 2025 se anuncia quente. Os Estados Unidos promovem a reestreia de Donald Trump na Casa Branca; a Venezuela encena um terceiro mandato de Nicolás Maduro, desafiado pela oposição em eleição considerada fraudulenta. E o Oriente Médio se rearticula sob a batuta de Israel e Turquia. Veja quais são as perspectivas nesses três contextos: O retorno de Trump: à espera da concretização de promessas que podem reconfigurar a ordem mundial O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse que seu governo vai trabalhar para condenar mais criminosos à pena de morte Alex Brandon/AP A posse de Donald Trump dita um novo compasso para os EUA e para o mundo, à espera de que ele concretize promessas mirabolantes já nos primeiros dias de governo: deportação em massa de imigrantes sem documentos, acordos para pôr fim às guerras da Rússia na Ucrânia e de Israel em Gaza, a radical guinada protecionista, traduzida na implantação de tarifas aos países aliados e vizinhos, e o encolhimento da máquina governamental capitaneada pelo bilionário Elon Musk. A retórica do presidente eleito é calcada no unilateralismo e no desprezo pelo que ele chama de globalismo. Neste segundo mandato, organismos como ONU e Otan e parceiros tradicionais dos EUA devem amargar mais dissabores no relacionamento com o presidente americano. O lema “America First” norteará os impulsos imperialistas de Trump, que animou o período natalino ao lançar provocações como o controle do canal do Panamá e a jocosa ideia da anexação do Canadá como o 51º estado americano. Durante a campanha, Trump alardeou bravatas e soluções simples que seduziram eleitores, mas que são complexas de executar. A etapa inicial deste segundo mandato será embalada pelas perspectivas de mudanças que ele ofereceu. Elas reconfiguram a ordem mundial e, ao mesmo tempo, ameaçam seriamente a liderança dos EUA no cenário externo. Venezuela: Maduro e González disputam legitimidade política em posse no dia 10 Nicolás Maduro poderia receber um tratamento diferente por parte de Trump, segundo Shifter Getty Images/BBC O ditador Nicolás Maduro não deixa dúvidas de que é ele quem tomará posse no dia 10 e conclamou seus partidários a se manifestarem nas ruas já nos primeiros dias do ano. Exilado na Espanha desde setembro, o opositor Edmundo González Urrutia, de 75 anos, assegura que voltará à Venezuela para assumir o cargo, apesar das ameaças dos homens fortes do regime de que será preso se pisar em solo venezuelano. Ambos disputam a legitimidade política com diferenças fundamentais. Maduro tem o controle das instituições estatais — o que lhe permitiu autoproclamar-se vencedor sem mostrar uma ata de votação —, mas amarga a impopularidade e o desprestígio no cenário internacional. É apoiado por regimes autocráticos como Rússia, Irã, China, Cuba e Nicarágua e insiste na velha ladainha — a de que o Palácio Miraflores “não cairá nas mãos de um fantoche da oligarquia ou do imperialismo”. González e Maria Corina Machado, por sua vez, reivindicam o triunfo na eleição de 28 de julho, com mais de 60% dos votos, e denunciam a fraude eleitoral. O líder opositor diz que tem um plano político para assumir a Presidência, sem revelar detalhes. Boa parte da comunidade internacional, incluindo o Brasil, não reconheceu a vitória de Maduro, que se manteve irredutível e desafiador, escorado nas Forças Armadas, no Judiciário, no Legislativo e no Conselho Nacional Eleitoral. O respaldo a González, contudo, não se refletiu em reconhecimento como presidente eleito, como ele gostaria. Isso já foi feito com Juan Guaidó e não surtiu o efeito desejado. “Não há dúvidas de que o governo não está disposto a transferir o poder para Edmundo González, mas a resposta não depende do que o governo quer, mas sim do que as instituições decidirão fazer ou não para apoiar o governo ou facilitar uma mudança política, aderindo à neutralidade político-institucional que lhes corresponde”, analisa Benigno Alarcón Deza, diretor do Centro de Estudos Políticos da Universidade Católica Andrés Bello. O regime vem dando sinais ambíguos para lidar com a frustração popular. Recentemente libertou 247 pessoas detidas por motivos políticos após as eleições, mas ainda restam 1.800 encarcerados, de acordo com a ONG Foro Penal. Em contrapartida, uma nova lei pune com 30 anos de prisão quem não reconhece Maduro como presidente ou que apoia sanções contra o regime. Ele antecipou ainda o plano de uma reforma constitucional, sob o argumento de empoderar os venezuelanos, mas que é interpretada como mais um mecanismo do chavismo para controlar o poder. Oriente Médio: Netanyahu e Erdogan emergem como forças dominantes Netanyahu em 31 de outubro de 2024 Reuters/Amir Cohen/File Photo O ano que termina empurra a instabilidade no Oriente Médio para outro patamar, em que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, emergem como os homens fortes da região e exibem a inabalável capacidade de sobrevivência. O presidente turco respaldou o campo vitorioso no colapso surpreendente do regime Assad, que perdurou por meio século na Síria. Sob a liderança dos rebeldes do grupo HTS, o destino do país ainda é incerto, mas Erdogan se beneficiará com o retorno de milhares de refugiados sírios, o enfraquecimento de curdos e acordos com o novo governo em Damasco. Como membro da Otan e aliado da Rússia, ele atua como ator importante no equilíbrio das tensões com a Ucrânia e o Ocidente. Humilhado pelo Hamas no maior massacre em solo israelense, em outubro de 2023, Netanyahu conduziu o país com força implacável para múltiplas frentes em Gaza, Cisjordânia, Líbano, Irã, Iêmen e Síria. O premiê isolou Israel no cenário externo e teve um mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional, que lhe impede de circular por 124 países. Desdenhou as advertências do presidente Joe Biden para interromper o cerco humanitário em Gaza e manteve, até quando quis, a ofensiva no Líbano. Netanyahu reconquistou a alcunha de Sr. Segurança e conseguiu recuperar parte da popularidade interna, a despeito das críticas por relegar a segundo plano um acordo de cessar-fogo em Gaza, para trazer mais de 100 reféns de volta ao país. Tornou-se réu em julgamentos por corrupção e não desistiu das ofensivas contra o sistema judiciário. Com tudo isso, ele se mantém de pé e desafiador. Descrito como única potência nuclear na região, Israel entra em 2025 com ganhos territoriais em Gaza e na Síria. Impôs severas derrotas a seus principais inimigos — Hamas, Hezbollah e, por consequência, o Irã — e assassinatos dos comandantes das organizações armadas. A questão é se e em quanto tempo conseguirão se reagrupar. Estas vitórias têm um custo alto para a economia e a reputação do país, que ostenta o título de única democracia da região. A sociedade israelense ainda se divide sobre o primeiro-ministro, e sua coalizão extremista permanece frágil, mas Netanyahu entra em 2025 com mais uma vida. LEIA TAMBÉM: COP 30, Brics e nova gestão Trump: os desafios e as oportunidades da diplomacia brasileira em 2025 Jimmy Carter morre aos 100 anos; relembre em FOTOS trajetória do ex-presidente mais longevo dos EUA Novo líder da Síria diz que pode levar 4 anos para organizar eleições no país Ucrânia mostra destruição causada por mísseis russos em ataque na véspera de Natal Revista ‘Time’ escolhe Donald Trump como personalidade do ano Governo de Maduro: González será preso se voltar no dia da posse na Venezuela

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2024/12/31/trump-venezuela-e-oriente-medio-tres-perspectivas-que-mobilizam-o-mundo-na-chegada-de-2025.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Anunciantes